O que está acontecendo
Beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continuam identificando descontos automáticos não autorizados em seus pagamentos mensais de aposentadoria e pensão. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) e uma investigação da Polícia Federal apontaram que 98% dos entrevistados não tinham consentido com deduções vinculadas a associações e sindicatos.
Como as fraudes eram realizadas
O esquema funcionou entre 2019 e 2024 e pode ter consumido até R$ 6,3 bilhões dos benefícios previdenciários. Em muitos casos, foram utilizadas autorizações fraudulentas, com assinaturas falsificadas ou repetidas para um mesmo beneficiário. Entidades firmavam acordos com o INSS, que permitiam o desconto direto na folha, mas sem verificar a origem e a validade das autorizações. Em 71% dos casos auditados, os comprovantes eram inválidos ou inexistentes.
Consequências e medidas tomadas
Em abril de 2025, a CGU suspendeu esses convênios e bloqueou repasses. No mesmo mês, a Operação “Sem Desconto” foi deflagrada, cumprindo 211 mandados de busca e apreensão, com prisões de suspeitos e o afastamento de servidores do INSS. O órgão estima que cerca de 4,1 milhões de beneficiários foram afetados e que aproximadamente R$ 1 bilhão em bens já foi recuperado.
Como os beneficiários podem recuperar o dinheiro
Em maio de 2025, aproximadamente 9 milhões de aposentados foram notificados pelo aplicativo Meu INSS e pela central telefônica. Até o momento, cerca de 1,5 milhão de pessoas já solicitaram o reembolso dos valores descontados. Em torno de 98% dessas reclamações foram reconhecidas como descontos indevidos. As associações têm um prazo de 15 dias úteis para apresentar comprovação de autorização, caso contrário, os valores deverão ser devolvidos.
Investigação parlamentar
Uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) foi instalada em 17 de junho de 2025 para apurar a extensão das fraudes e identificar os responsáveis.
Por que isso importa
Essas fraudes representam um golpe direto na renda de aposentados e pensionistas, muitos dos quais só perceberam os descontos após anos. O caso evidencia falhas graves de controle no INSS e reforça a necessidade de revisão nos processos de autorização e fiscalização.
Fontes de referência
Controladoria-Geral da União (CGU)
Polícia Federal (PF)
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
Operação Sem Desconto
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)